segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Miles Davis e Jazz: uma história"


Um considerável público compareceu à primeira palestra organizada pelo Clube da Música da Fabico, no auditório desta faculdade, prestigiando duas horas de história “viva” do Jazz. O palestrante Paulo Moreira tem mais de 30 anos de carreira no jornalismo e 11 anos de “Sessão Jazz” na FM Cultura.Esbanjando um sincero amor pelo tema, Paulo Moreira chega ao auditório carregado de cds e dvds da “lenda”, munição para as audições próximas. Mesmo antes da palestra começar já surpreende os presentes com histórias e curiosidades, ao iniciar a “fala” depois de alguns minutos de insistência, pode finalmente derramar sua torrente de informações: histórias encenadas com brio e desenvoltura, num esforço por reviver aquilo tudo que estava nos contando. Um “alegre” aprendizado.


Moreira fez questão de evidenciar a importância primordial de Miles Davis para a história da música moderna, ressaltando as três revoluções que o “gênio mau caráter”, como por várias vezes repetira, concretizou em 40 anos de carreira. A primeira grande atuação de Miles Davis fez-se na gravação do clássico “The Birth of the Cool”, um jazz completamente incomum naqueles anos, contrário do bebop “furioso” da época. Trata-se de um som com caráter contemplativo, composto por um maior número de arranjos, menos explosivo.

É nesta época que Miles Davis passa a se envolver com heroína e por consequência enfrenta sérios problemas, a ponto de retornar para a fazenda dos pais no interior do país. Com apenas 24 anos Davis cria a sua própria “clínica de recuperação”: passa quase duas semanas trancado em um quarto ao lado da farmácia do pai, sem ver ninguém e quase sem se alimentar. Uma tentativa desesperada para conseguir se livrar do vício, uma experiência necessária para um gênio que sabia que devia continuar.

Depois da recuperação Davis volta ao cenário musical e conta com a ajuda de amigos do bebop. Após um período de restabelecimento, finalmente monta um sexteto, entre os integrantes estava John Coltrane – chegara a hora de Miles Davis iniciar sua longa história de “agregador de gênios”. Gravam, em 1958, o que viria a ser o maior disco da história do Jazz – “Kind of blue”. É esta a sua segunda revolução, como ponto chave da obra estava a implementação de música modal nos arranjos.

Em 1969 é chegada a vez de sua terceira revolução: o Jazz Rock, obra de um quinteto responsável pelo álbum “In a silent way”. Música “à la corte e costura” (como nomeara Paulo Moreira): depois de a nata dos músicos da época passarem horas dentro de um estúdio numa improvisação pura, Davis recortava os trechos que haviam lhe agradado e estes takes sobrepostos formavam as canções. É nesta época também que Miles eletrifica o seu trompete e incorpora um pedal de wah-wah às suas performances. Destas inúmeras inovações nasce o Jazz Fusion.



Depois de outro álbum renomado, “Get up with it”, Miles Davis se envolve em uma briga por causa de sua Ferrari na frente de um salão de festas, leva um soco na bacia – a lesão foi forte o suficiente para iniciar um quadro de anos de dores. As muitas dores o levam direto aos analgésicos e mais um vício é adquirido, em 1975 decide abandonar os palcos. Seguem-se ainda alguns importantes shows depois de sua volta, quando então em 1991, Miles Davis morre de um derrame cerebral.



Fica então o convite do Clube para as próximas palestras e oficinas que devem se realizar, bem como os sinceros agradecimentos a todos que vêm nos ajudando, seja na participação no Clube ou mesmo ao apoiar este projeto principiante, mas esperançoso! 

Saudações melodiosas,

                                                             Sabrina Ruggeri.

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